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GRANDE DIA: Essa Bolsonaro venceu, ele tem o ap… Ver mais

Mesmo diante da taxação de 50% sobre produtos do agronegócio brasileiro imposta pelo governo dos Estados Unidos, o setor segue inabalável em seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, que afeta diretamente as exportações brasileiras e compromete bilhões em receita, não abalou a confiança de lideranças rurais, que veem na aliança com Bolsonaro uma questão de princípio. Para representantes do setor, como o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara, “a liberdade é mais importante que o lucro”, ecoando um sentimento que ganha força entre os produtores rurais mesmo em tempos de prejuízo.

Nogueira afirma que os reais problemas do agronegócio não estão fora do país, mas dentro do Brasil, desde a posse do presidente Lula. Segundo ele, o governo federal adotou uma postura hostil ao setor produtivo, criando insegurança jurídica e promovendo o que ele classifica como perseguição política. “Não adianta o Brasil exportar se o produtor não tem paz para trabalhar”, declarou o parlamentar, citando também o endividamento crescente dos produtores. O discurso alimenta a polarização no campo, onde a narrativa de resistência à esquerda ainda encontra terreno fértil.

A retórica se intensifica ao se tratar da recente medida norte-americana. Para Nogueira, a taxação é uma forma de pressionar o governo brasileiro a recuar nas condenações ao ex-presidente Bolsonaro, sugerindo que o ex-presidente Donald Trump está disposto a negociar se houver um gesto de pacificação interna no Brasil. “O prazo de seis dias dado por Trump é um recado claro: ou o Brasil recua ou a tarifa vem com força total”, disse. A proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro aparece como peça-chave nesse xadrez político, em uma tentativa de vincular interesses econômicos a decisões judiciais.

No centro da tensão, a diplomacia brasileira também é colocada em xeque por lideranças bolsonaristas. Críticas diretas ao presidente Lula e suas posições internacionais se multiplicam. “Lula chamou Trump de nazista, se alinhou ao Irã e foi contra Israel. Estamos apenas colhendo os frutos de uma diplomacia ideológica e desastrosa”, atacou Nogueira. O governo federal, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente sobre a possível negociação da tarifa com os Estados Unidos, o que alimenta o discurso de omissão perante um setor estratégico da economia nacional.

Enquanto isso, a oposição insiste em eximir os filhos de Bolsonaro de qualquer responsabilidade no episódio da tarifa. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, tem sido apontado como pivô da crise por suas constantes provocações ao governo americano atual. Mas, para Nogueira, “imputar a ele a culpa do tarifaço é uma insanidade”. Ele afirma que Eduardo está apenas defendendo os valores da família e da direita brasileira, reforçando a ideia de que o agronegócio não abrirá mão de sua lealdade nas eleições de 2026, mesmo que o setor enfrente perdas bilionárias até lá.

Vídeos de apoio ao ex-presidente Bolsonaro, gravados por produtores rurais e divulgados nas redes sociais nos últimos dias, mostram que esse alinhamento não está restrito ao discurso político de parlamentares. Sindicatos, associações e lideranças regionais têm reforçado publicamente o apoio a Bolsonaro e à pauta da anistia, mesmo em um cenário de instabilidade e prejuízo. “O agro está sofrendo com preços baixos, seca e problemas diplomáticos, mas está disposto a pagar esse preço por aquilo que acredita”, afirmou Nogueira, demonstrando que o discurso ideológico continua sendo um forte elo entre a base rural e o ex-presidente.

A tensão entre os poderes também entrou no radar do setor, especialmente após episódios que evidenciaram um racha no Supremo Tribunal Federal. Para Nogueira, a ausência de ministros em eventos promovidos por Lula e a recusa de alguns em assinar cartas de apoio a Alexandre de Moraes mostram que há espaço para reverter a atual conjuntura. A preocupação com a aplicação da “Magnitsky Act”, que permite sanções dos EUA contra autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos, também foi levantada. “O Alexandre de Moraes está irritado, mas agora é hora de pacificar o país”, concluiu.

Com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sendo criticado por sua ausência no embate diplomático, o setor se vê órfão de representação direta nas negociações internacionais. Nogueira cobrou uma postura mais firme do ministério e acusou o governo de negligenciar o setor responsável por alimentar o Brasil e movimentar uma fatia significativa da balança comercial. Enquanto o relógio diplomático corre e as tarifas se aproximam, o agronegócio brasileiro se mantém em uma encruzilhada: entre a fidelidade ideológica e os desafios concretos de manter sua relevância econômica global.