Foi assim que Bolsonaro reagiu ao saber que Moraes foi sancionado, ele so… Ver mais

Em um episódio que sacudiu os bastidores da política brasileira, o ex-presidente Jair Bolsonaro surpreendeu até seus aliados mais próximos ao adotar uma postura inusitada diante da notícia de que o governo Donald Trump sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky — legislação americana que permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos.
Na última quarta-feira (30/7), a medida anunciada por Washington ganhou repercussão quase imediata nos principais veículos de imprensa internacionais e nacionais. Quando informado por um interlocutor de confiança sobre o gesto do ex-presidente norte-americano, Bolsonaro ouviu com atenção, fez uma pausa e, em tom sereno, respondeu: “Nada a declarar.”
A reação contida, quase blasé, surpreendeu o círculo íntimo do ex-chefe do Executivo, que esperava celebração efusiva — quem sabe até fogos de artifício. A sanção a Moraes é, afinal, resultado de meses de articulação política internacional liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que havia levado pessoalmente denúncias contra o STF ao Congresso americano.
Segundo fontes próximas ao clã Bolsonaro, a resposta lacônica foi menos desinteresse e mais estratégia. “O presidente entendeu que, neste momento, o silêncio fala mais alto. Ele já plantou a semente, agora deixa que a pressão venha de fora”, confidenciou um aliado próximo, sob condição de anonimato.
Escalada de tensão entre EUA e Brasil
A inclusão de Alexandre de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky representa um novo nível de tensão diplomática entre o governo dos Estados Unidos — agora sob a liderança de Trump, em seu novo mandato — e o Brasil. Fontes ligadas à Casa Branca afirmam que outros ministros do Supremo estão na mira: Luís Roberto Barroso, atual presidente da Corte; Gilmar Mendes, o decano; e até o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A justificativa da administração Trump é clara: condena o que considera “excessos judiciais” e restrições à liberdade de expressão, sobretudo em decisões que envolvem bloqueios de redes sociais, inquéritos contra bolsonaristas e determinações judiciais contra o próprio ex-presidente.
A resposta do STF foi rápida e firme. Ministros ouvidos reservadamente pela reportagem classificaram a medida como “intromissão indevida” e asseguraram que a atuação da Corte não sofrerá qualquer interferência externa. “Nosso compromisso é com a Constituição, não com a pressão internacional”, declarou um magistrado do Supremo.
Tarifaço contra o governo Lula
Mas as medidas de Trump não se limitaram ao Judiciário brasileiro. Em um movimento paralelo, o governo dos EUA anunciou que, a partir da próxima sexta-feira (1º/8), haverá um aumento de 50% nas tarifas de importação de diversos produtos brasileiros. A justificativa oficial é conter práticas comerciais “desleais” e supostos subsídios, mas a motivação política é evidente: trata-se de um recado direto ao governo Lula.
Washington entende que Lula teria se alinhado ao que chama de “criminalização da direita” no Brasil e vê nas decisões do STF um braço ativo dessa perseguição. A retaliação econômica, segundo analistas, pretende isolar diplomaticamente o atual governo e estimular uma reação pública contra o que considera um “cerco institucional à oposição”.
No Planalto, o impacto foi imediato. Assessores presidenciais veem com preocupação a escalada da retórica americana e avaliam que o Brasil será obrigado a reagir nos fóruns multilaterais, como a OMC. “É uma provocação, mas não vamos cair na armadilha. Vamos responder com diplomacia e dentro da legalidade internacional”, afirmou um integrante do Ministério das Relações Exteriores.
Silêncio que fala
De volta ao campo político doméstico, a reação de Bolsonaro ainda reverbera. Para analistas, a frase “nada a declarar” tem múltiplas camadas de interpretação. Alguns veem no silêncio uma tentativa de manter a compostura diante do que poderia ser interpretado como vitória pessoal. Outros enxergam cautela estratégica: uma forma de não se associar diretamente a medidas internacionais que podem acirrar ainda mais a polarização política no Brasil.
Certo é que, mesmo sem uma palavra a mais, Bolsonaro está no centro da cena. Sua ausência nos palanques e nas redes não significa ausência de influência. O ex-presidente observa, movimenta peças nos bastidores e, ao que tudo indica, aposta em uma pressão internacional crescente como combustível para uma eventual volta ao poder.
Enquanto isso, o embate entre Judiciário brasileiro e o governo Trump promete novos capítulos — com repercussões que vão muito além das fronteiras políticas e judiciais, alcançando, inclusive, a economia de milhões de brasileiros.
