Grave acidente deixa 76 M0RT0S, entre as vítimas estava o filho do querido Le… Ver mais

O drama vivido por centenas de milhares de afegãos obrigados a retornar do Irã para o Afeganistão voltou a ganhar destaque internacional após um episódio que comoveu autoridades, organizações humanitárias e toda a população afegã. Na última terça-feira, 19 de agosto, um ônibus que transportava deportados sofreu um grave acidente na província de Herat, resultando em um incêndio que tirou a vida de pelo menos 76 pessoas, entre elas homens, mulheres e crianças que buscavam chegar à capital Cabul. O caso, rapidamente repercutido pelas redes sociais, trouxe à tona a dura realidade enfrentada por quem tenta reconstruir a própria história em meio a deslocamentos forçados.
Segundo informações oficiais, o veículo havia partido de Islam Qala, uma das principais portas de entrada para afegãos repatriados, e seguia por uma estrada movimentada quando colidiu com outro automóvel. A força do impacto causou um incêndio que se alastrou em poucos instantes, deixando passageiros sem tempo de reagir. As equipes de resgate foram acionadas imediatamente, mas encontraram um cenário desafiador, marcado pela necessidade de identificar sobreviventes, controlar as chamas e iniciar os procedimentos de atendimento às vítimas.
Vídeos e fotos registrados por moradores locais e compartilhados nas redes sociais ampliaram a comoção. As imagens mostravam o ônibus envolto em fumaça densa e equipes tentando se aproximar com cautela para prestar ajuda. Esses registros reforçaram o alerta para a situação de vulnerabilidade extrema enfrentada por afegãos que retornam ao país sem estrutura adequada, após deixarem anos de vida construída no exterior. Especialistas em direitos humanos destacam que muitos chegam apenas com a roupa do corpo, sem recursos e sem garantia de acolhimento institucional.
A província de Herat, onde ocorreu o acidente, tornou-se um corredor de passagem para quem retorna do Irã após medidas de deportação em massa. Só nos últimos meses, dezenas de milhares de afegãos atravessaram a fronteira em busca de um recomeço, enfrentando longas jornadas, filas exaustivas e condições climáticas adversas. A rota entre Islam Qala e Cabul, apesar de amplamente utilizada, é marcada por trechos de risco, tráfego intenso e infraestrutura limitada, fatores que aumentam o número de acidentes envolvendo veículos lotados.
Organizações internacionais que atuam na região afirmam que a tragédia expõe a necessidade urgente de oferecer suporte humanitário adequado a famílias que chegam ao país em condições extremamente precárias. Muitas delas deixaram o Irã sem planejamento, após anos de trabalho e adaptação cultural. No retorno, enfrentam dificuldades para encontrar moradia, emprego e acesso a serviços básicos, como saúde e alimentação. A sobrecarga dessas rotas internas, somada à falta de transporte seguro, contribui para situações como a que vitimou dezenas de pessoas nesta semana.
Enquanto autoridades locais investigam as circunstâncias do acidente, familiares das vítimas iniciam um processo doloroso de reconhecimento e despedida. Em Herat, hospitais e centros comunitários se mobilizaram para apoiar sobreviventes e oferecer auxílio psicológico a quem presenciou os momentos de pânico. Segundo representantes do governo afegão, equipes estão trabalhando para identificar cada uma das vítimas e repassar informações às famílias o mais rápido possível. O episódio reforça o impacto humano que o fluxo de deportações tem causado no país, já fragilizado por instabilidade política e econômica.
A comoção gerada pelo acidente reacendeu o debate internacional sobre a proteção de refugiados e migrantes afegãos. Organizações de direitos humanos pedem que países vizinhos estabeleçam políticas mais cuidadosas e garantam segurança no processo de repatriação. No Afeganistão, o episódio se tornou símbolo da urgência em ampliar investimentos em infraestrutura, transporte seguro e apoio estruturado a cidadãos que retornam ao país em busca de novos caminhos. A tragédia em Herat, que interrompeu a jornada de dezenas de pessoas, deixa um chamado para que governos e instituições internacionais se mobilizem de forma mais eficaz, a fim de evitar que histórias semelhantes se repitam.





