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Triste e abatido, 3 dias após alta hospitalar Bolsonaro choca a todos ao ir… Ver mais

Ex-presidente reaparece em manifestação com apoio de Malafaia e reforça discurso político em meio a processo que o tornou réu por ataque à democracia

Brasília voltou a ser palco de tensões políticas neste domingo (7), quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reapareceu publicamente apenas três dias após receber alta hospitalar. O ato, nomeado “Caminhada pacífica pela anistia humanitária”, reuniu cerca de 4 mil manifestantes e teve como principal bandeira o apelo pela anistia aos envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por extremistas.

O evento foi organizado pelo pastor Silas Malafaia, aliado de longa data do ex-presidente. Em cima do trio elétrico, o religioso não poupou críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu que a anistia é competência exclusiva do Congresso Nacional. “STF não pode meter o bedelho”, disse Malafaia a uma plateia animada, em tom provocativo.


Bolsonaro reaparece e volta a apostar na mobilização popular

Depois de passar 22 dias internado devido a complicações intestinais, Bolsonaro surgiu no ato acompanhado de sua esposa, Michelle Bolsonaro. Vestido de maneira simples e sorridente, o ex-presidente fez um discurso curto, mas repleto de simbolismos e frases de forte apelo emocional.

“Eu sou um empregado de vocês. Não tenho obsessão por poder. Tenho paixão pelo Brasil”, declarou, sob aplausos. E emendou: “A anistia é um ato político. O Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada.”


Entenda o contexto: Bolsonaro virou réu no STF

A fala de Bolsonaro ocorre em um momento crítico de sua trajetória política. Em março, por decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, ele se tornou réu por suposta participação na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e envolve também outros sete acusados que integrariam o núcleo principal da articulação contra a democracia.

O processo representa um divisor de águas: pela primeira vez, o ex-presidente responde formalmente na Justiça por atos relacionados aos ataques de 8 de janeiro.


A marcha: números, símbolos e clima no protesto

A manifestação começou na Torre de TV de Brasília e seguiu até a Esplanada dos Ministérios. Segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), cerca de 4 mil pessoas participaram do ponto alto do protesto, às 16h30.

Com faixas que pediam “liberdade”, “anistia humanitária” e atacavam o STF, os manifestantes adotaram o mesmo tom visto em outras mobilizações bolsonaristas: patriotismo, religiosidade e um discurso contra as instituições judiciais. Muitos vestiam camisas verde-amarelas, seguravam bandeiras do Brasil e entoavam hinos religiosos.


Malafaia e o papel da direita religiosa

Silas Malafaia, um dos principais articuladores da ala evangélica bolsonarista, reforçou seu protagonismo político ao liderar o evento. Em sua fala, afirmou que os atos de 8 de janeiro não foram tentativa de golpe, mas sim manifestações descontroladas que merecem “compreensão” e “perdão”.

“O povo quer paz, e paz vem com justiça. Mas a justiça não pode ser vingança”, declarou. Malafaia tem sido uma peça-chave na manutenção da base mais fiel de Bolsonaro, especialmente entre os cristãos evangélicos, e seu apoio indica que o ex-presidente continua apostando no engajamento religioso para mobilizar seguidores.


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Considerações finais

O retorno de Jair Bolsonaro às ruas após um longo período de ausência hospitalar mostra que o ex-presidente ainda tem fôlego para mobilizar parte significativa da população — mesmo sob a sombra de graves acusações. Seu discurso, agora com tom mais messiânico e apelando à figura de “servo do povo”, tenta reconstruir sua imagem em um cenário onde a Justiça começa a pesar sobre seus ombros.

Resta saber se essa nova onda de manifestações será capaz de influenciar o debate político nacional ou se reforçará a divisão entre as instituições e setores da sociedade que ainda resistem a aceitar os desdobramentos dos ataques de janeiro.