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Tristeza e dor: Morre o filho do nosso querido após ser picado por… Ver mais

São José do Rio Preto, SP — Um episódio comovente e revoltante marcou o início da semana no interior paulista. Kauan Hummel, de apenas 10 anos, morreu no último domingo (3) após ser picado por um escorpião enquanto brincava em uma quadra no bairro Vila Toninho. O caso, além de devastar a família da criança, escancarou a fragilidade dos protocolos de urgência no atendimento a acidentes com animais peçonhentos, reacendendo o debate sobre infraestrutura de saúde e prevenção urbana.

O acidente ocorreu na sexta-feira (1º), quando Kauan tentou derrubar uma goiaba com uma pedra. Ao pegar o objeto do chão, foi atacado pelo escorpião. O menino foi socorrido e levado rapidamente ao pronto-socorro da Vila Toninho. Lá, segundo relato da mãe, Stefanie Caroline Alves de Lima, ele recebeu uma anestesia, mas a unidade não dispunha do soro anti-escorpiônico — item essencial e determinante em casos como esse. A falta do insumo comprometeu as chances de reversão do quadro clínico do garoto.

Após o primeiro atendimento, Kauan foi transferido para o Hospital da Criança e Maternidade (HCM), referência pediátrica na cidade. Segundo nota da instituição, ele chegou à unidade às 18h53 da sexta-feira e foi submetido ao protocolo completo para acidentes escorpiônicos, incluindo a administração do soro e suporte hemodinâmico. Ainda assim, o menino apresentou uma parada cardiorrespiratória e permaneceu entubado e sedado na UTI. O quadro se agravou nas horas seguintes, e Kauan não resistiu.

A morte do menino deixou a população consternada e gerou uma onda de questionamentos sobre a preparação das unidades básicas de saúde para emergências dessa natureza. Em nota, a Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto afirmou que a morte está sob investigação, mas não comentou sobre a ausência do soro no pronto-socorro inicial. O sepultamento de Kauan ocorreu na tarde desta segunda-feira (4), no Cemitério São João Batista, em meio à dor e indignação de familiares, amigos e moradores do bairro.

Casos de picada por escorpiões têm se tornado cada vez mais frequentes em áreas urbanas, impulsionados pela expansão desordenada das cidades, acúmulo de entulho e falta de controle de pragas. Dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil registra mais de 100 mil acidentes com escorpiões por ano, sendo o estado de São Paulo um dos líderes em notificações. Crianças, por terem menor massa corporal, estão entre as vítimas mais vulneráveis aos efeitos do veneno.

Especialistas alertam que a prevenção é o principal caminho para evitar tragédias como a de Kauan. Manter terrenos limpos, vedar frestas em casas e muros, e fiscalizar áreas públicas são medidas fundamentais. Além disso, a disponibilidade do soro anti-escorpiônico em unidades básicas de saúde, especialmente nas periferias e bairros mais populosos, é crucial. “O tempo entre a picada e a aplicação do soro pode ser decisivo para a sobrevivência do paciente”, explica o infectologista Paulo Cunha, que há mais de 20 anos atua com acidentes causados por animais peçonhentos.

Enquanto a dor pela perda de Kauan ainda ecoa em São José do Rio Preto, o episódio deixa uma marca profunda e um apelo urgente: é preciso agir com responsabilidade e eficiência para evitar que novas vidas sejam ceifadas por descaso, desinformação ou falta de estrutura. A morte de uma criança não pode ser apenas mais uma estatística — deve ser o ponto de partida para mudanças concretas na política de saúde pública e na atenção à população mais vulnerável