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Triste e abatido: Bolsonaro chora ao pedir q… Ver mais

Na manhã deste domingo (5), um Jair Bolsonaro visivelmente emocionado deixou o hospital DF Star, em Brasília, após 22 dias de internação por complicações intestinais. O ex-presidente protagonizou uma cena comovente ao abraçar uma apoiadora, a religiosa identificada como “Irmã Ilda”, e clamar publicamente por anistia aos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. A aparição reacendeu o debate sobre os desdobramentos do episódio que marcou o início de 2023 e levantou críticas ao sistema judiciário brasileiro.


O apelo emocionado pela anistia

Ainda frágil e com a voz embargada, Bolsonaro foi direto ao ponto ao citar casos específicos de manifestantes presos após os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Em sua fala, fez menção à situação de Débora Rodrigues, condenada a 14 anos de prisão.

“A Polícia Federal vai lá pegar a Débora e deixar dois filhos chorando para trás, para ela cumprir o restante dos 14 anos de prisão?”, questionou, comovendo parte dos apoiadores presentes.

O ex-presidente argumentou que os atos não envolveram uso de armas de fogo nem derramamento de sangue, e comparou o episódio à anistia concedida a membros da esquerda em décadas passadas. Segundo ele, “não adianta dizer que o que houve é imperdoável”.


Críticas a Moraes e alegações de perseguição

Bolsonaro voltou a direcionar críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem acusa de protagonizar uma “caçada judicial” contra seus apoiadores. Ainda assim, mencionou que Moraes recentemente autorizou a liberação de provas solicitadas por sua defesa.

Apesar das críticas, o ex-presidente insistiu que não teve qualquer envolvimento direto com os atos do 8 de Janeiro, e reiterou que sua ausência durante o período foi um dos argumentos que reforçam sua inocência.


Comparações internacionais: o caso Nadine Heredia

Outro ponto levantado por Bolsonaro foi a concessão de asilo político à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, investigada por corrupção e beneficiada por decisões do governo brasileiro.

“Como o Brasil concede asilo a uma condenada por receber verba da Odebrecht, enquanto prende pessoas comuns que estavam ali protestando?”, provocou o ex-mandatário.

A referência gerou reações imediatas nas redes sociais e entre analistas políticos, que viram na fala uma tentativa de demonstrar um suposto duplo padrão de tratamento.


Internação e estado de saúde

Internado desde 12 de abril, Bolsonaro passou por uma cirurgia de desobstrução intestinal no dia 13, além de uma reconstrução da parede abdominal — reflexos dos ferimentos decorrentes da facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018.

Os médicos informaram que o ex-presidente deverá continuar a recuperação em casa por mais três a quatro semanas, com restrições alimentares e de mobilidade. A presença de apoiadores no hospital e a comoção gerada durante sua saída revelam o capital político que Bolsonaro ainda mobiliza, mesmo fora do cargo e em meio a investigações.


Clima político: tensão crescente e base mobilizada

O discurso de Bolsonaro marca uma tentativa clara de reacender a chama do bolsonarismo em um cenário político ainda polarizado. Ao destacar casos individuais e sugerir perseguição política, o ex-presidente busca ampliar o clamor popular por anistia e transformar os réus do 8 de Janeiro em símbolos de resistência.

Analistas apontam que o momento é estratégico: com o enfraquecimento da popularidade de figuras do Judiciário e o desgaste político do governo atual em algumas frentes, Bolsonaro parece apostar na vitimização e na mobilização de sua base como forma de preservar relevância.


O que esperar nos próximos passos

Com a retomada gradual de sua agenda, ainda limitada por recomendações médicas, Bolsonaro deve manter o tom combativo e buscar o apoio do Congresso para discutir propostas ligadas à anistia dos envolvidos nos atos de janeiro de 2023.

Parlamentares aliados já se movimentam nos bastidores para retomar o tema, enquanto a oposição promete resistir com base no argumento da gravidade dos ataques.


Conclusão: um reencontro político e simbólico

Mais do que uma simples alta hospitalar, a reaparição pública de Jair Bolsonaro neste domingo foi um ato político. Repleto de simbolismos, o choro, os abraços e as declarações contundentes serviram de combustível para um movimento que se recusa a desaparecer do cenário nacional. Seja para reafirmar sua liderança ou pressionar o sistema, Bolsonaro sinaliza que sua atuação política está longe de chegar ao fim.