Política

TRISTE E ABATIDO: Bolsonaro cai no choro ao falar d… Ver mais

Fortaleza, CE – 30 de maio de 2025 — Em meio a palmas e sorrisos políticos em um evento do Partido Liberal, o clima mudou repentinamente. O ex-presidente Jair Bolsonaro, conhecido por sua retórica firme, interrompeu seu discurso. A voz falhou. O semblante endurecido que raramente cedeu à emoção agora tremia ao mencionar um nome ausente, mas onipresente: Eduardo Bolsonaro.

“Ele não poderia estar aqui”, disse Jair Bolsonaro com a voz embargada, referindo-se ao filho que, há meses, encontra-se nos Estados Unidos. E completou, em tom dramático: “Se estivesse aqui, não seria um passaporte — seria uma prisão.”

A plateia, composta por apoiadores fervorosos, reagiu com um misto de comoção e revolta. Era a confirmação de um sentimento já presente nos bastidores do bolsonarismo: Eduardo, o “03”, está no centro de uma batalha que ultrapassa fronteiras, com ecos de conspiração, exílio voluntário e pressões internacionais.

O FILHO AUSENTE E O PAI EMOÇÃO

A ausência de Eduardo não é um detalhe casual. O deputado federal, licenciado do cargo, é investigado por participar de uma suposta rede de intimidação contra autoridades do Judiciário e do Ministério Público. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele seria um dos líderes de uma ofensiva que mira diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outros agentes públicos envolvidos em processos contra aliados do ex-presidente.

Desde fevereiro, Eduardo vive nos Estados Unidos, onde vem fazendo declarações públicas que levantaram alertas nas instituições brasileiras. O Ministério Público vê nelas um tom cada vez mais agressivo e intimidador. Entre as falas, destaca-se a tentativa de mobilizar o governo norte-americano — especificamente Donald Trump — a impor sanções a autoridades brasileiras.

Essa movimentação, segundo fontes próximas ao inquérito, pode culminar na apreensão do passaporte do parlamentar assim que ele pisar novamente em solo brasileiro. E, no cenário mais extremo, em sua prisão.

TRUMP, MORAES E A GUERRA POLÍTICA INTERNACIONALIZADA

Jair Bolsonaro, em seu discurso, não poupou palavras ao acusar o sistema judicial brasileiro de perseguir aqueles que, segundo ele, “lutam pela verdade”. O ex-presidente voltou a sugerir que há uma tentativa coordenada de silenciar a oposição. Mas foi além: revelou uma suposta esperança depositada no retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

“Graças a Deus, a eleição do ano passado trouxe de volta à presidência Donald Trump. Com ele, temos uma aliança”, disse Bolsonaro, sinalizando uma narrativa de resistência que transcende os limites do território nacional.

Esse trecho do discurso levantou questionamentos imediatos. Estaria o ex-presidente revelando uma articulação internacional para pressionar ou interferir nas instituições brasileiras? Estaria Eduardo atuando como um representante político informal no exterior, com anuência — ou até orientação — do pai?

SUSPENSE NOS BASTIDORES: VOLTAR OU NÃO VOLTAR?

Dentro da base aliada do Partido Liberal, o clima é de tensão. A possibilidade de Eduardo retornar ao Brasil vem sendo discutida com cautela. A linha entre o enfrentamento político e o risco pessoal parece cada vez mais tênue. O próprio Bolsonaro sugeriu que a volta não será tão simples: “Dói, como pai, ser afastado do seu filho. Mas ele deixou tudo para lutar por nós, lá de fora.”

A declaração traz à tona uma pergunta crucial: Eduardo voltará? E se voltar, enfrentará a Justiça como réu ou como mártir político?

NARRATIVA DE PERSEGUIÇÃO E VITIMIZAÇÃO

A estratégia discursiva de Bolsonaro reforça uma narrativa cuidadosamente construída desde que deixou o Palácio do Planalto. A ideia central é clara: ele e seus aliados são vítimas de um sistema judicial aparelhado e hostil à direita conservadora.

Ao emocionar-se publicamente e evocar o sofrimento familiar, Bolsonaro humaniza sua luta política e transforma o filho em símbolo da causa. Mas a dúvida persiste: trata-se de proteção paternal ou cálculo político?

O PRÓXIMO CAPÍTULO

Enquanto isso, autoridades que acompanham de perto o inquérito que envolve Eduardo Bolsonaro se preparam para os desdobramentos. Interlocutores da PGR afirmam que a escalada de declarações de Eduardo pode configurar uma tentativa de coagir o Judiciário brasileiro — algo que a lei trata com absoluta gravidade.

Neste tabuleiro político e jurídico cada vez mais imprevisível, Eduardo Bolsonaro continua à margem, mas nunca fora de cena. Sua ausência pesa, sua presença à distância incomoda — e o país assiste, dividido, ao desenrolar de uma história que ainda parece longe do fim.