Triste e abatido: Bolsonaro acaba de ser… Ver mais

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passará este domingo (10), Dia dos Pais, em um cenário incomum para um líder que já ocupou o mais alto cargo do país: o sétimo dia em prisão domiciliar. A data, marcada tradicionalmente por encontros e celebrações familiares, ganhará contornos restritos. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), oito familiares receberam autorização para entrar na casa de Bolsonaro e participar das comemorações, que ocorrerão sob regras rígidas de segurança e vigilância.
A primeira semana de prisão domiciliar, decretada na última segunda-feira (4), foi tudo menos silenciosa. Em Brasília, apoiadores promoveram buzinaços e carreatas em frente à residência, transformando a pacata vizinhança em um ponto de agitação política. Ao mesmo tempo, um fluxo constante de parentes e aliados políticos marcou presença na casa. Segundo a CNN Brasil, alguns visitantes adotaram a prática de deixar o celular no carro antes de entrar, uma medida para evitar qualquer risco de descumprimento das determinações impostas por Moraes.
Entre as proibições, está o acesso de Bolsonaro às redes sociais — restrição que se tornou, paradoxalmente, um dos principais motivos para a sua atual situação. O ministro entendeu que o ex-presidente teria usado os perfis de seus filhos para se comunicar com o público e se posicionar politicamente, violando a decisão judicial anterior. Esse episódio reforçou o clima de tensão e o nível de controle sobre cada interação do ex-presidente com o mundo exterior, sobretudo no ambiente digital.
A lista de familiares autorizados a visitá-lo neste Dia dos Pais inclui figuras próximas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Entre os nomes estão o sogro, Vicente de Paulo Reinaldo; a sogra, Maisa Torres Antunes; a nora, Fernanda Antunes; uma neta do ex-presidente; dois sobrinhos e um irmão de criação de Michelle. A medida demonstra que, mesmo diante das limitações impostas pela prisão domiciliar, Moraes buscou equilibrar o rigor judicial com o respeito ao direito de convivência familiar, especialmente em uma data simbólica.
Apesar da permissão, a rotina de Bolsonaro segue restrita e monitorada. As visitas ocorrem em horários definidos e são registradas minuciosamente, respeitando protocolos que visam evitar qualquer tentativa de comunicação indevida. O clima dentro da residência, segundo relatos de pessoas próximas, é de misto entre resiliência e frustração. De um lado, há esforços para manter a normalidade em momentos familiares; de outro, a consciência de que cada gesto está sob observação.
O cenário atual também reflete o momento delicado na trajetória política de Bolsonaro. Acostumado a grandes palanques e discursos públicos, ele agora se vê limitado ao espaço doméstico e ao contato restrito com aliados. Para analistas, a prisão domiciliar não apenas restringe seus movimentos físicos, mas também representa um golpe estratégico em sua capacidade de influenciar diretamente a base eleitoral. A impossibilidade de usar redes sociais retira uma de suas principais ferramentas de mobilização e de enfrentamento político.
Neste Dia dos Pais, enquanto milhões de brasileiros celebram livremente, Bolsonaro vive um retrato paradoxal: cercado de familiares, mas isolado do mundo. A decisão de Moraes, embora contestada por seus apoiadores, segue sustentada pela acusação de descumprimento reiterado de ordens judiciais. Resta saber se, após este período inicial, a estratégia da defesa conseguirá flexibilizar as medidas impostas ou se o ex-presidente terá de se adaptar, a longo prazo, a uma vida política e pessoal moldada por restrições. O que é certo é que, mesmo em reclusão, Bolsonaro continua no centro do debate nacional, dividindo opiniões e mantendo acesa a polarização que marcou seu governo e pós-mandato.
