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Professora m0rre na frente de todos agonizand0, depois de pegar o livro e… Ver mais

Silêncio, como um corte seco, tomou conta do Colégio Estadual Jayme Canet naquela sexta-feira. O que começou como mais um dia de trabalho terminou em luto e perplexidade entre os corredores que, horas antes, ecoavam o som da rotina escolar.

Na tarde desta sexta-feira (30), uma tragédia repentina abalou a comunidade escolar do bairro Xaxim, em Curitiba. Silvaneide Monteiro Andrade, professora de Língua Portuguesa, de 56 anos, morreu de forma súbita enquanto participava de uma reunião com a equipe pedagógica e representantes do Núcleo Regional de Educação (NRE). Uma perda inesperada que deixou colegas, alunos e familiares em choque.

A reunião acontecia dentro da própria unidade escolar. Eram aproximadamente 12h quando Silvaneide, contratada pelo regime PSS (Processo Seletivo Simplificado), foi chamada por pedagogas e diretores para discutir metas relacionadas à plataforma de redação usada pela rede estadual. O ambiente era tenso, como costumam ser as conversas sobre cobranças pedagógicas, mas nada parecia fora do normal. Até que tudo mudou em um instante.

Sem qualquer aviso, Silvaneide desabou diante dos presentes. O que no início poderia ter parecido um mal-estar comum rapidamente revelou-se uma emergência crítica. A sala, tomada pelo susto e a incredulidade, se transformou em cenário de desespero.

“Ela apenas inclinou a cabeça para o lado e caiu da cadeira. O tempo congelou naquele momento”, contou, sob anonimato, uma funcionária da escola que presenciou a cena.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado imediatamente. Os minutos seguintes foram angustiantes. As tentativas de reanimação foram feitas ainda na escola, mas Silvaneide não respondeu. A suspeita: um infarto fulminante. A confirmação da morte veio minutos depois, e com ela, a dor de uma despedida que ninguém esperava naquele cenário.

Silvaneide era conhecida entre alunos e colegas por sua dedicação, gentileza e paixão pelo ensino da Língua Portuguesa. Mãe de uma filha e casada, ela dividia sua rotina entre a sala de aula e os desafios do contrato temporário — uma realidade comum entre professores da rede pública.

A APP-Sindicato, que representa os profissionais da educação estadual, lamentou profundamente a morte da professora e destacou o episódio como mais um reflexo da pressão a que docentes vêm sendo submetidos. “Estamos consternados. O estresse enfrentado pelos educadores, principalmente os contratados pelo PSS, que vivem sob constante insegurança profissional, precisa ser levado a sério. É urgente discutir a saúde mental e física desses trabalhadores”, afirmou a entidade em nota oficial.

Embora não haja confirmação oficial de que o episódio tenha ligação direta com o estresse ou pressão durante a reunião, a circunstância levantou debates nas redes sociais e entre colegas de profissão. Muitos apontam para uma carga de trabalho excessiva, cobranças crescentes por resultados e pouca valorização dos docentes.

“Ela estava preocupada, como qualquer professor estaria. Mas ninguém imaginava que isso aconteceria. É um baque enorme para todos nós”, relatou outra professora da escola, visivelmente abalada.

O corpo de Silvaneide será velado neste sábado (31), em local a ser confirmado pela família. A comoção ultrapassou os muros da escola e se espalhou pela comunidade, onde a professora também era reconhecida por seu envolvimento em atividades sociais e culturais.

No colégio, as aulas foram suspensas e a Secretaria de Estado da Educação deve prestar apoio psicológico aos alunos e servidores. A morte de Silvaneide é mais do que uma perda pessoal — é um alerta que ecoa em cada sala de aula: quem cuida de quem educa?

Enquanto familiares se preparam para a despedida, alunos e colegas tentam encontrar consolo em meio ao luto. Nos corredores silenciosos da escola Jayme Canet, restam lembranças de uma educadora que dedicou a vida à missão de ensinar — e que se despediu de forma tão abrupta, no mesmo espaço onde plantou tantas sementes do conhecimento.

No fim, permanece a pergunta que ainda paira no ar, como um sussurro que ressoa entre as paredes da escola: poderia essa tragédia ter sido evitada?