Notícias

Polícia aponta causa da morte de empresário achado em buraco

Era para ser apenas mais uma noite de adrenalina e motores rugindo no Autódromo de Interlagos. Mas o que começou como um evento de motos em uma sexta-feira à noite terminou em tragédia e mistério. O empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, de 35 anos, foi encontrado morto na manhã da última terça-feira (3), em uma escavação dentro do complexo de Interlagos, Zona Sul da capital paulista. E desde então, uma única pergunta paira no ar: o que realmente aconteceu naquela noite?

O caso, envolto em circunstâncias ainda sem explicação, tem mobilizado forças policiais, peritos e, sobretudo, a família da vítima, que vive dias de angústia e incerteza. Adalberto estava desaparecido desde a noite de 30 de maio, quando participou de um evento motociclístico no autódromo. Às 19h40, ele enviou uma mensagem à esposa, Fernanda Dândalo, avisando que retornaria por volta das 20h30. Mas nunca voltou.

O silêncio após a última mensagem

Segundo a polícia, um amigo ainda teria visto Adalberto após esse horário. O empresário teria dito que iria até o Kartódromo de Interlagos buscar seu carro — o local fica a poucos metros do evento. Depois disso, nenhum outro contato foi feito. Um silêncio abrupto, um desaparecimento que só aumentava a aflição da família.

Durante a madrugada, Fernanda, tomada pela preocupação, ativou o rastreador do celular do marido. O sinal apontava para a mesma área do autódromo. Mas as horas foram se acumulando, os dias passaram… e nenhuma novidade surgia. Até que, cinco dias depois, o corpo de Adalberto foi localizado — sem vida — dentro de uma escavação no próprio complexo de Interlagos.

Um corpo, poucos vestígios e muitas perguntas

A cena do achado trouxe mais dúvidas do que respostas. O corpo estava sem calça e sem os tênis, mas com objetos pessoais intactos: carteira, documentos, dinheiro, celular, aliança e até o capacete. Nada indicava roubo. Nenhum sinal claro de luta ou violência explícita.

A Polícia Civil suspeita que o corpo tenha sido colocado ali já sem vida. Não há indícios de tentativa de fuga, arrasto ou marcas de briga no entorno. Um mistério que desafia a lógica.

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) não apontou fraturas, ferimentos profundos ou evidências contundentes de agressão. Giovanni Chiarelo, diretor técnico do IML, explicou que o corpo passou por exames de imagem, raio-X, além de coletas para análises toxicológicas, subungueais (que identificam vestígios sob as unhas, como em casos de luta) e anatomopatológicas. As escoriações presentes ainda estão sob avaliação: aconteceram antes ou depois da morte?

Tecnologia de ponta e o quebra-cabeça sem fim

Para tentar desvendar esse enigma, os investigadores contam com tecnologia de última geração. A cena foi registrada com drones e scanners 3D, permitindo uma reconstrução precisa do local e das condições do achado. Ricardo Lopes Ortega, diretor do instituto de perícia responsável, garante que todos os recursos estão sendo usados. Mas nem mesmo as imagens de alta resolução conseguem explicar o que aconteceu entre a última mensagem enviada por Adalberto e a descoberta de seu corpo.

“É como montar um quebra-cabeça com peças de outro jogo”, confidenciou um investigador à reportagem, sob anonimato.

A delegada Ivalda Aleixo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que o intervalo da morte foi estimado entre 36 e 40 horas antes do achado. Um tempo crucial, mas ainda envolto em incertezas. Como ninguém viu nada? Por que Adalberto estava parcialmente despido? E o mais perturbador: por que seu celular permaneceu no local durante todos esses dias, sem qualquer movimentação, e mesmo assim o corpo demorou tanto a ser encontrado?

A dor dos que ficaram

Enquanto a polícia tenta costurar as poucas pistas que possui, a família de Adalberto vive dias de sofrimento. Fernanda, a esposa, tem sido discreta com a imprensa, mas amigos próximos relatam que ela está abalada e inconformada com o mistério que envolve a morte do marido. “Ele era apaixonado por motos, por eventos assim. Não era a primeira vez que ia a Interlagos. Mas ninguém esperava que essa seria a última”, lamentou um familiar.

O mistério permanece

O caso segue em investigação, sem hipóteses confirmadas ou suspeitos identificados. A ausência de sinais evidentes de crime violento não afasta a possibilidade de homicídio — mas também não descarta um acidente ainda não compreendido. Um buraco no chão, um corpo silencioso, e uma cidade inteira em busca de respostas.

Enquanto isso, a dúvida se transforma em suspense, e Interlagos — palco de tanta velocidade e celebração — agora é cenário de uma das histórias mais enigmáticas do ano.