Morre o querido empresário Israel Tevah aos 93 anos, ele é pai do Bru… Ver mais

Na madrugada fria desta sexta-feira (13), o Rio Grande do Sul perdeu mais do que um empresário. Perdeu um símbolo. Aos 93 anos, Israel Tevah, fundador do icônico Grupo Tevah, deixou o mundo terreno e com ele, uma trajetória marcada por coragem, visão e um legado que ressoa nas esquinas de Porto Alegre, nos corredores das lojas e nos gestos silenciosos de quem acredita na força do trabalho.
A notícia da morte foi confirmada por familiares no início da manhã, mergulhando em luto não só o setor empresarial, mas também todos aqueles que, de alguma forma, foram tocados pela generosidade e pelas ideias transformadoras de Tevah.
Mas quem foi, de fato, Israel Tevah?
Um nome, uma marca, uma revolução silenciosa
Quando, ainda jovem, decidiu abrir sua primeira loja de roupas masculinas, poucos imaginavam que aquele empreendimento daria origem a uma das marcas mais tradicionais do vestuário no Sul do país. O Grupo Tevah não nasceu apenas de uma necessidade comercial, mas de um propósito: oferecer qualidade, elegância e identidade a homens que queriam mais do que vestir-se — queriam comunicar algo com a própria imagem.
Israel não era apenas um empreendedor. Era um estrategista. Um homem que entendia as sutilezas do comportamento humano e sabia que vender roupa era, na verdade, vender confiança. Sua loja se tornou refúgio de gerações, ponto de encontro de pais e filhos, espaço de construção de memórias.
E ainda assim, seu impacto foi além das vitrines.
Pai, visionário e construtor de pontes
Ao lado da figura pública bem-sucedida, havia o homem de carne, osso e coração pulsante. Daniel Tevah, um dos dois filhos do empresário, foi quem compartilhou com o mundo a notícia que tanto tem repercutido. Com palavras comoventes, resumiu o sentimento de muitos:
“Partiu meu herói. Muito mais que um dos maiores empresários da história do comércio gaúcho, foi um pai dedicado, um avô querido, um esposo apaixonado.”
Causa natural, informou a família. Mas o que a natureza leva, a história eterniza.
Israel também deixa outro filho, Eduardo, e três netos, herdeiros não apenas de um nome, mas de um patrimônio imaterial de valores, ideias e ousadias.
Uma vida de conquistas, mas também de entregas
A jornada de Israel Tevah foi marcada por uma característica rara: a capacidade de olhar para o sucesso não como ponto final, mas como ponto de partida para transformar o mundo ao seu redor.
Foi assim que ele ajudou a fundar entidades como a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e o Sindilojas — estruturas fundamentais para o comércio local, que ainda hoje sustentam a economia e orientam empreendedores.
Sua atuação foi reconhecida em 2006, quando recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre, em cerimônia que reuniu políticos, empresários e amigos. E dois anos antes, em 2004, foi condecorado pessoalmente pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Mais que medalhas, foram reconhecimentos de uma vida comprometida com o coletivo.
O legado que não fecha as portas
Entre seus muitos projetos, um se destaca pela sensibilidade social: o “Dia da Solidariedade”. Idealizado por Israel, o evento anual mobilizava indústrias e seus funcionários a doar um dia de produção para instituições de caridade. Em tempos de indiferença, Tevah propôs empatia. Em meio ao barulho das vendas, ele soube escutar o silêncio da necessidade alheia.
“Apaixonado pela vida, deixa em nossos corações um legado de honra, ética e caráter”, declarou Eduardo, o outro filho de Israel, num tributo emocionante que ecoa como testamento de quem viveu com intensidade, mas partiu com serenidade.
Um adeus que é também um convite
A morte de Israel Tevah não representa apenas o fim de uma biografia. Representa o desafio de preservar o que ele construiu, não apenas nos negócios, mas na postura diante da vida. Num país que tanto carece de exemplos, a história desse homem se ergue como um farol.
Sua ausência será sentida nas reuniões de empresários, nos corredores das lojas, nas decisões silenciosas que moldam o comércio. Mas sua presença — essa sim — permanecerá. Na ética de quem honra a palavra, na coragem de quem sonha grande e no cuidado de quem entende que vestir um homem é, também, vestir seus sonhos.
