Lula assusta à todos com recado para Donald Trump: “A Guerra vai com…Ver mais

Em meio à crescente tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou nesta segunda-feira (21) um tom firme, porém estratégico, ao comentar a recente decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, ainda não se pode falar em guerra tarifária — mas o cenário pode mudar rapidamente.
“Não estamos em uma guerra tarifária. A guerra começa na hora em que eu der a resposta ao Trump, caso ele não mude de opinião”, declarou o presidente durante uma coletiva após encontro com líderes latino-americanos e europeus no Chile. A frase soou como um aviso claro: o Brasil ainda aposta no diálogo, mas não aceitará imposições unilaterais sem contestação.
A medida anunciada por Trump — que voltou a agitar o cenário político internacional após formalizar sua candidatura à presidência dos EUA — atinge diretamente setores estratégicos da economia brasileira. Embora o governo americano justifique a nova tarifa como uma forma de proteção ao mercado interno, a decisão é vista no Brasil como uma atitude arbitrária e potencialmente danosa para o comércio bilateral.
Diplomacia em ação: MRE e Alckmin lideram negociações
Apesar da gravidade do tema, Lula garantiu estar “tranquilo”, ressaltando que as negociações estão em curso e sob o comando do Ministério das Relações Exteriores, com participação ativa do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin. O governo brasileiro aposta em uma saída diplomática para reverter ou ao menos suavizar os impactos da nova tarifa.
“O Brasil está disposto a conversar. Estamos em contato com autoridades norte-americanas. Essa decisão não interessa a ninguém, nem a nós, nem a eles”, afirmou o presidente.
Lula também fez um apelo direto ao setor empresarial brasileiro: pediu que lideranças do setor produtivo dialoguem com seus parceiros nos Estados Unidos, lembrando que a medida de Trump também prejudicará empresas norte-americanas que dependem da cadeia de importação com o Brasil.
“O empresariado precisa mostrar aos americanos que essa tarifa é ruim para todos. Não se trata apenas de um problema do governo brasileiro, mas de um obstáculo para o comércio justo entre duas grandes economias”, completou.
Um problema brasileiro em um palco internacional
As declarações de Lula ocorreram após uma reunião com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Yamandú Orsi (Uruguai), Gustavo Petro (Colômbia) e com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. O encontro, apesar de reunir figuras importantes da esquerda latino-americana e europeia, não teve como pauta as tarifas impostas pelos EUA.
Segundo Lula, ele preferiu manter o tema fora da agenda multilateral: “Não comentei com os companheiros sobre esse assunto. Isso é um problema do Brasil. Vamos tratar com seriedade, mas sem transformar em espetáculo”.
Crítica ao intervencionismo e recado indireto
Ainda que tenha evitado citar nomes diretamente, Lula aproveitou outro momento da agenda oficial para criticar práticas que lembrou serem características do extremismo político, incluindo medidas de natureza intervencionista.
“Em um momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos, com equilíbrio e responsabilidade”, disse, sem mencionar Trump ou as tarifas. A fala, no entanto, foi interpretada como um recado sutil ao republicano e sua postura agressiva em relação ao comércio internacional.
A posição de Lula se distancia do confronto direto, mas não abdica da defesa do interesse nacional. Ao preferir o caminho da diplomacia, o presidente sinaliza que o Brasil não aceitará imposições arbitrárias, mas tampouco deseja escalar uma crise desnecessariamente.
Trump e o comércio como arma política
Analistas observam que a movimentação de Trump faz parte de sua estratégia de campanha, apostando em medidas protecionistas para conquistar o eleitorado industrial dos EUA. Ao mirar o Brasil — um parceiro relevante, mas menos arriscado geopoliticamente do que a China, por exemplo — Trump tenta reafirmar sua imagem de “defensor dos empregos americanos”.
O governo brasileiro, por sua vez, busca isolar o episódio no plano comercial, evitando transformá-lo em um problema político maior. “A nossa resposta virá no momento certo, se for necessária”, disse Lula, encerrando sua fala com um misto de prudência e determinação.
Conclusão: tensão monitorada, resposta calibrada
A tensão entre Brasil e Estados Unidos está longe de se configurar como uma guerra comercial aberta. Ainda assim, o episódio acende um alerta no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Se as negociações diplomáticas não surtirem efeito, o Brasil poderá recorrer a mecanismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), além de adotar medidas de reciprocidade.
Por ora, Lula aposta na diplomacia, no diálogo empresarial e em articulação internacional para evitar que o gesto unilateral de Trump transforme-se em um problema de grandes proporções. Mas deixou claro: o Brasil não fugirá do embate, se for necessário.
