Política

Luciano Huck choca a todos com desabafo no Domingão sobre operação do RJ: ‘Estã… Ler mais

O apresentador Luciano Huck usou os minutos finais do Domingão com Huck, exibido neste domingo (2), para fazer um forte desabafo sobre a megaoperação policial realizada no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos. O discurso emocionado e contundente do apresentador repercutiu nas redes sociais e trouxe à tona, mais uma vez, o debate sobre o modelo de segurança pública adotado no estado.

Visivelmente abalado, Huck abriu o coração ao vivo: “É uma tristeza ver o mesmo modelo de segurança pública se repetir há décadas sem nenhum resultado”. O apresentador criticou o ciclo de violência que se perpetua nas comunidades e lembrou que, por trás das estatísticas, há vidas humanas e famílias destruídas. “Quantas vezes eu já não parei um programa de televisão aqui na TV Globo para falar desse assunto? 120 mortos numa operação policial no Complexo do Alemão e da Penha. Por trás desse número, tem 120 mães que enterraram seus filhos”, afirmou.

O pronunciamento aconteceu logo após um dos quadros de maior audiência do programa, o que garantiu ampla visibilidade à fala. Luciano Huck, conhecido por abordar pautas sociais em momentos pontuais de seu programa dominical, voltou a reforçar seu papel de cidadão engajado, pedindo empatia e reflexão. “Você acha que foi com isso que elas sonharam quando essas crianças eram pequenas e corriam ali pelas vielas do Alemão ou da Penha? Claro que não. É preciso combater o narcotráfico com força total, mas também é preciso investir em educação, cultura e oportunidades”, completou o apresentador.

A fala repercutiu imediatamente nas redes sociais. No X (antigo Twitter) e no Instagram, milhares de internautas comentaram o posicionamento de Huck. Alguns elogiaram sua coragem por usar um dos programas de maior audiência da TV brasileira para tratar de um tema delicado e urgente. “Luciano Huck foi certeiro. O país precisa falar sobre isso. 120 mortos não podem ser apenas números”, escreveu uma usuária. Outros, no entanto, questionaram o momento e a forma do discurso, afirmando que o apresentador deveria usar o espaço de maneira mais constante para pautas sociais.

A operação no Complexo do Alemão e da Penha, considerada uma das maiores dos últimos anos, envolveu policiais civis, militares e agentes federais, com o objetivo declarado de combater o tráfico de drogas e prender líderes de facções criminosas. De acordo com informações das autoridades, o confronto resultou em mais de 120 mortes — incluindo suspeitos, policiais e moradores da região. Organizações de direitos humanos e lideranças comunitárias criticaram a ação, classificando-a como “um massacre” e cobrando transparência e investigação independente sobre as circunstâncias das mortes.

Huck, que já havia se manifestado em outras ocasiões sobre desigualdade social e violência urbana, destacou que não se trata de um debate político, mas de humanidade. “Não dá mais para naturalizar a morte de jovens brasileiros nas favelas. Todo mundo fala em segurança pública, mas quase ninguém fala em oportunidade. Enquanto o Estado só chegar na marra, com fuzil e caveirão, a gente vai continuar perdendo uma geração inteira”, afirmou. O discurso foi recebido com aplausos discretos no estúdio e repercutiu amplamente na mídia, gerando discussões em jornais, programas de rádio e podcasts.

Especialistas em segurança pública ouvidos por veículos nacionais destacaram que o posicionamento de figuras públicas como Huck ajuda a ampliar o debate sobre os limites da ação policial e a necessidade de políticas de prevenção. “Quando alguém com esse alcance traz o tema para o centro da conversa, isso ajuda a romper o silêncio que costuma cercar essas tragédias”, afirmou um sociólogo ouvido pela imprensa. Já nas comunidades afetadas, moradores relataram que se sentiram vistos e ouvidos. “Pelo menos alguém grande da TV falou o que a gente sente. Nossas vidas não são números”, disse uma moradora do Alemão.

O episódio reforça o papel de Luciano Huck como uma voz influente no debate público brasileiro, seja na televisão ou fora dela. Sua fala, mais do que um desabafo, reflete a frustração de uma sociedade que convive com a violência há décadas. Enquanto o país se divide entre aplausos e críticas, o eco das palavras do apresentador continua ressoando: “Por trás de cada número, há uma mãe, um filho, uma história interrompida.”