Carla Zambelli foge do país, diz que foi esquecida por Bolsonaro, e que ele é… Ver mais

Por trás das cortinas do poder, uma comparação aparentemente inofensiva acendeu um pavio explosivo nos bastidores do bolsonarismo. O estopim? Uma fala da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que mencionou o colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como referência — gesto que, segundo aliados próximos, irritou profundamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e provocou desconforto até entre seus mais fiéis escudeiros.
Mas o que há de tão grave por trás de uma simples menção?
O cenário se torna mais tenso quando se percebe que a deputada, que nos últimos dias deixou o Brasil sob um manto de controvérsias, parece trilhar uma rota semelhante à de Eduardo, que também está fora do país, licenciado do mandato e com sua imagem sob análise minuciosa da Justiça.
A movimentação de Zambelli acendeu alertas não apenas entre aliados. No Congresso e na cúpula da oposição, a percepção é clara: o roteiro da deputada pode se tornar um catalisador de problemas jurídicos ainda mais graves para o ex-presidente Bolsonaro — e talvez para seu filho, o presidenciável ausente.
O Jogo Político Se Aprofunda: Pedido de Tornozeleira Para Bolsonaro
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, não perdeu tempo. Em um movimento calculado, formalizou junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido que, até recentemente, seria considerado impensável: a instalação de tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro.
No documento, Lindbergh aponta que as saídas do país tanto de Zambelli quanto de Eduardo Bolsonaro representam indícios suficientes de risco de fuga. Para o governo, é mais do que uma narrativa — é uma oportunidade de enfraquecer o ex-presidente em um momento em que ele tenta sobreviver politicamente.
Nos bastidores do Palácio do Planalto, o desconforto se transforma em estratégia. Integrantes da base governista avaliam que a ausência de Zambelli, ainda mais associada ao clã Bolsonaro, pode ser explorada como símbolo de desordem e fuga de responsabilidade.
Isolamento e Desgaste: O Caminho Sem Volta de Zambelli
À CNN Brasil, Carla Zambelli tentou amenizar os ânimos. Disse que pretende retornar ao país caso seu processo na Câmara dos Deputados seja trancado. Mas a resposta veio de forma silenciosa e reveladora: o apoio a ela na Casa é mínimo. A articulação política, sempre fundamental nos momentos de crise, parece não funcionar a seu favor.
Lideranças do Centrão, grupo conhecido por sua influência decisiva em votações e estratégias parlamentares, veem Zambelli como uma figura desgastada e imprudente. Sua postura beligerante, especialmente contra o Supremo Tribunal Federal e contra políticos centristas como o ex-ministro Ciro Nogueira (PP-PI), transformou aliados em obstáculos.
Até mesmo deputados de oposição — que poderiam se beneficiar com a fragilidade de um nome bolsonarista — avaliam que não há redenção possível para a deputada neste tabuleiro.
O Movimento Errado na Hora Errada
No xadrez da política, cada movimento conta. E, segundo interlocutores tanto da esquerda quanto da direita, Zambelli escolheu o pior momento possível para deixar o Brasil. Sua partida não apenas fragiliza a própria imagem, mas fornece munição a um governo ávido por demonstrar que o bolsonarismo está em ruínas.
A comparação com Eduardo Bolsonaro, feita de forma quase casual, acabou expondo o que muitos preferiam manter nos bastidores: uma divisão silenciosa entre os que ainda tentam proteger o ex-presidente e os que se tornaram peso político dentro do seu próprio grupo.
Fontes próximas a Bolsonaro confirmam que ele está incomodado. Para um líder que sempre prezou pela lealdade absoluta, qualquer atitude que comprometa sua estratégia de defesa — mesmo que indiretamente — pode ser vista como traição.
O Que Está por Vir?
Enquanto Carla Zambelli permanece fora do país, tentando costurar sua própria narrativa de perseguição política, o cerco parece se fechar mais uma vez sobre Jair Bolsonaro. A possibilidade de uso de tornozeleira eletrônica, embora ainda distante, passou a ser discutida em voz alta nos corredores do poder.
O que começou como uma simples comparação pode terminar como o estopim de uma nova crise institucional. E, nesta guerra de narrativas, o silêncio de Bolsonaro e a ausência de Eduardo pesam tanto quanto as declarações públicas de seus adversários.
Zambelli pode voltar ao Brasil — mas encontrará o mesmo campo minado de onde saiu. E talvez, ao contrário do que imaginou, tenha pavimentado um caminho sem volta. Para ela. Para Eduardo. E, quem sabe, para Jair Bolsonaro.
