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Cantor ORUAM debocha de Bolsonaro e acaba recebendo castigo, ele foi m… Ver mais

A operação da Polícia Federal (PF) que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro, na última sexta-feira (19/7), causou alvoroço em todo o país — e nas redes sociais, o impacto foi imediato. Entre os muitos comentários, um em especial chamou atenção e virou centro de uma nova polêmica: o do rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi Nepomuceno, conhecido tanto por sua música quanto pelas declarações provocadoras.

Em seu perfil no X (antigo Twitter), Oruam ironizou o momento político com uma postagem direta: “Bolsonaro prendeu o Lula, agora chegou a vez dele (risadas)”. A frase viralizou rapidamente e dividiu opiniões entre apoiadores do ex-presidente, críticos e fãs do artista.

O comentário não passou despercebido — e tampouco agradou a todos. Nas respostas, muitos internautas aproveitaram para relembrar o passado familiar de Oruam, mais especificamente de seu pai, Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, um dos nomes mais emblemáticos ligados ao Comando Vermelho (CV), facção criminosa que atua no Rio de Janeiro. Marcinho está preso desde 1996, cumprindo pena por crimes relacionados ao tráfico de drogas e associação criminosa.

“E a vez do seu pai ser solto? Chega nunca, né!”, ironizou um usuário. Outro foi ainda mais direto: “Bolsonaro vai fazer companhia pro seu pai na cadeia.” Já entre os defensores do ex-presidente, houve quem questionasse a inteligência do rapper, acusando-o de não entender o contexto político. “Quando o Lula foi preso, Bolsonaro não era ninguém. O comentário é desinformado”, escreveu um internauta.

Mas quem acompanha Oruam sabe: polêmica não é novidade em sua trajetória. O rapper, um dos nomes em ascensão no cenário do trap e do hip hop nacional, costuma misturar arte e ativismo pessoal, usando o palco como extensão de suas lutas. Em diversas ocasiões, o artista levantou a bandeira pela soltura do pai, o que gerou desconforto e críticas, especialmente por parte de quem vê Marcinho VP como símbolo da violência urbana no país.

Em um de seus shows mais comentados, Oruam apareceu vestindo uma camiseta com o rosto do pai estampado e a frase: “Liberdade para Marcinho”. A imagem circulou nas redes e causou controvérsia: enquanto parte do público enxergou o gesto como uma expressão de afeto familiar, muitos viram ali uma tentativa de romantizar uma figura amplamente associada ao crime organizado.

Para especialistas em comunicação digital, o caso é mais um exemplo da linha tênue entre liberdade de expressão e responsabilidade pública. “Artistas, especialmente os que falam com a juventude, têm voz potente nas redes. Mas também carregam o peso de suas falas. A sociedade reage, aprova ou rejeita — é parte do jogo da reputação”, comenta a professora de Mídias e Cultura Digital, Carla Figueiredo.

O episódio reacende também o debate sobre como a política e o crime organizado frequentemente se cruzam no imaginário popular — e como as redes sociais amplificam vozes que antes ficavam restritas aos palcos ou bastidores. Oruam, com milhões de seguidores, transforma qualquer opinião em manchete — e sabe disso.

Desde o início de sua carreira, ele nunca escondeu suas raízes. Em entrevistas, fala abertamente sobre crescer sem o pai, mas também ressalta o impacto que a ausência teve em sua trajetória pessoal e artística. Para muitos fãs, essa vulnerabilidade é o que humaniza o artista. Para os críticos, é uma tentativa perigosa de normalizar figuras como Marcinho VP.

No centro de toda essa tempestade digital, está uma verdade incontestável: a internet deu voz a todos, mas a repercussão continua sendo um campo minado. A frase de Oruam sobre Bolsonaro pode ter sido apenas uma provocação bem-humorada para alguns — mas para outros, um desrespeito ou até um ataque político infundado.

Enquanto isso, a operação da PF segue sendo analisada por especialistas e movimentando o cenário político nacional. O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por suspeitas envolvendo a falsificação de certificados de vacinação e outros possíveis crimes administrativos, continua no foco da Justiça — e da opinião pública.

Já Oruam, mesmo sem lançar uma nova música na última semana, garantiu os holofotes. No mundo atual, onde política, arte, redes sociais e escândalos se misturam cada vez mais, um post pode ser mais barulhento que um disco inteiro.