BOMBA: Olha só o que Lula disse sobre Bolsonaro, chamou ele de tran… Ver mais

Salgueiro, Pernambuco – Sob o sol forte do Sertão pernambucano, em um palanque montado para anunciar a duplicação de bombeamento de água do Rio São Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez mais do que lançar uma obra: lançou uma advertência. Em um discurso carregado de emoção, crítica e um toque de suspense político, Lula falou direto ao coração dos eleitores — e sem economizar palavras.
Como quem prepara terreno para embates futuros, o presidente não poupou seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusando-o de “mentir sistematicamente” e “governar com fake news”. Mas foi uma frase em particular que ressoou como um trovão nas terras secas de Salgueiro: “A gente não pode votar em qualquer tranqueira para governar esse país.”
A declaração, forte e direta, não caiu no vazio. Ela foi a abertura de um discurso que se transformou em um verdadeiro ato de alerta político. Lula falou não apenas como chefe de Estado, mas como alguém que, ao assumir o governo, se deparou com um cenário desolador de obras paradas, promessas vazias e uma população deixada à própria sorte.
“Esse compromisso que eu tô falando aqui não é comigo, não. É com os filhos de vocês, com os netos, com os pais. A gente precisa escolher líderes que olhem nos olhos do povo, que tenham dignidade, que saibam o que é sofrer e lutar”, afirmou, em um tom mais próximo do conselheiro do que do político em campanha.
O silêncio deixado pelas obras paradas
O suspense da fala de Lula ganhou força quando ele começou a listar o que encontrou ao reassumir a presidência: milhares de obras paralisadas, creches abandonadas, casas do Minha Casa Minha Vida inacabadas, estradas esburacadas, sistemas de água estagnados.
“O país não parou porque faltou dinheiro. Parou porque faltou vontade de governar. Parou porque quem estava lá não tinha compromisso com o povo. Preferia governar pelas redes sociais, do gabinete do ódio, criando fantasmas, espalhando mentiras”, disse, em um claro recado a Bolsonaro, embora sem citá-lo nominalmente a todo momento.
A plateia, composta por moradores locais, trabalhadores da obra e lideranças políticas regionais, reagia com atenção. Não era apenas mais uma fala presidencial. Era uma tentativa clara de reposicionar o debate político, em um país onde a memória recente ainda dói.
Desafios e provocações: “Me digam uma obra que ele fez aqui”
No ponto mais tenso do discurso, Lula lançou um desafio direto: “Quero que alguém aqui levante a mão e diga uma única obra que ele [Bolsonaro] entregou em Pernambuco.” O silêncio foi imediato — e eloquente. A provocação surtiu efeito. Mais do que uma crítica, foi uma forma de mostrar que a disputa política está longe de ser apenas uma batalha de narrativas: ela se reflete no concreto — ou na ausência dele.
O presidente ainda reforçou a importância das obras da transposição do Rio São Francisco, que segundo ele, representam um marco da responsabilidade de seu governo com o povo nordestino. A duplicação do sistema de bombeamento, anunciada no evento, vai beneficiar milhões de pessoas que convivem com a escassez de água, sobretudo em períodos prolongados de estiagem.
Uma campanha que ainda não começou, mas já começou
Embora o discurso tenha sido feito em um evento institucional, a atmosfera remeteu ao clima pré-eleitoral. O presidente mirou nos erros do passado, mas plantou sementes para o futuro — sugerindo, inclusive, que a escolha dos próximos líderes será mais do que política: será moral.
“A gente não precisa de alguém que fique mentindo o tempo todo. A gente precisa de quem trabalhe. Quem queira melhorar a vida dos outros, e não só a própria imagem nas redes”, alfinetou.
Por trás das palavras, uma batalha em curso
Com seu estilo direto, Lula reacendeu a polarização que marcou os últimos anos da política brasileira. A retórica não deixou dúvidas: o embate com Bolsonaro ainda está vivo, e a disputa pelo legado — e pelo futuro — será dura.
Entre os bastidores de obras e discursos públicos, o presidente sinalizou que está disposto a usar cada palanque, cada cidade e cada gesto para reconstruir não apenas estradas e sistemas hídricos — mas também a confiança da população em suas lideranças.
No sertão, onde a terra ainda clama por água, o discurso de Lula foi mais do que uma fala política: foi um alerta. Um aviso de que o voto, mais do que um direito, é uma responsabilidade.
E como ele mesmo disse, “o Brasil não pode ser governado por qualquer tranqueira.”
