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Avião cai e deixa 50 m0rt0s, entre as vítimas estavam os filhos d… Ver mais

Um grave acidente aéreo chocou a Rússia nesta quinta-feira (24), após um avião comercial com dezenas de passageiros a bordo cair em uma área remota e montanhosa da região de Amur, no extremo leste do país. A tragédia deixou entre 40 e 50 mortos, de acordo com estimativas preliminares divulgadas pela agência estatal russa Tass. Nenhuma das pessoas a bordo sobreviveu.

A aeronave acidentada era um Antonov-24, bimotor turboélice de fabricação soviética, operado pela companhia regional Angara Airlines. O voo partiu de Blagoveshchensk, capital do oblast de Amur, com destino à cidade de Tynda. No entanto, o avião desapareceu dos radares quando se aproximava do destino final.

Por volta das 14h (horário local), equipes de resgate localizaram os destroços em chamas em uma encosta de difícil acesso, a aproximadamente 15 quilômetros de Tynda. Imagens divulgadas por autoridades mostram uma trilha de destruição no solo e partes da fuselagem carbonizadas, o que indica que a aeronave pode ter colidido com o terreno antes de explodir.

Um voo rotineiro que terminou em tragédia

O voo era considerado uma rota regional regular, utilizada por moradores da região para deslocamentos entre pequenas cidades e centros urbanos. A aeronave envolvida, embora antiga, era frequentemente usada em áreas remotas da Rússia devido à sua resistência e capacidade de operar em pistas curtas e pouco estruturadas.

Testemunhas relataram que o tempo estava nublado no momento do acidente, mas não há confirmação oficial de que as condições meteorológicas tenham contribuído para a queda. Autoridades russas abriram imediatamente uma investigação para apurar as causas do desastre. A principal linha de apuração, até o momento, é uma possível falha técnica. Também serão analisados os dados da caixa-preta, caso seja localizada em meio aos escombros.

Dor e silêncio em Tynda

Na cidade de Tynda, que seria o destino final do voo, o clima é de comoção. Familiares e amigos das vítimas foram acolhidos por equipes de apoio psicológico organizadas pela prefeitura local. O governo regional decretou luto oficial de três dias, com bandeiras a meio mastro e suspensão de eventos públicos.

“É um dia de profunda tristeza para todos nós. Perdemos pais, mães, filhos e colegas de trabalho. A comunidade está de luto”, declarou o governador do oblast de Amur, Andrei Donchenko, em pronunciamento transmitido pela TV estatal.

Histórico de acidentes preocupa

O Antonov-24, projetado na década de 1950 e amplamente utilizado durante a era soviética, ainda opera em diversas regiões da Rússia e de países vizinhos. No entanto, a idade avançada das aeronaves e a dificuldade em obter peças de reposição despertam constantes alertas de especialistas em aviação.

Em 2011, o mesmo modelo esteve envolvido em um acidente fatal no norte da Rússia, que resultou na morte de 47 pessoas. Apesar disso, muitos exemplares do Antonov-24 continuam em operação devido ao seu custo relativamente baixo e à capacidade de suportar condições extremas.

Com o acidente desta quinta-feira, cresce a pressão sobre as autoridades de aviação civil russas para que revisem as certificações dessas aeronaves e ampliem os programas de fiscalização e modernização da frota aérea regional.

Repercussão internacional

A notícia do acidente rapidamente ganhou destaque na imprensa internacional, reacendendo debates sobre a segurança aérea em países que ainda operam aviões projetados há mais de meio século. O secretário-geral da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), Juan Carlos Salazar, lamentou a tragédia e afirmou que o órgão oferecerá suporte técnico para as investigações, caso solicitado pelo governo russo.

A Angara Airlines, por sua vez, divulgou uma nota de pesar e afirmou estar colaborando integralmente com as autoridades. A empresa, com sede em Irkutsk, opera voos regionais principalmente nas regiões orientais da Rússia e tem uma frota composta por modelos Antonov, ATR e Bombardier.

Investigação será decisiva

Especialistas ressaltam que os próximos dias serão cruciais para entender o que levou à queda do voo. A expectativa é que as autoridades russas consigam recuperar os gravadores de voo (caixa-preta), essenciais para a análise técnica do ocorrido.

Enquanto isso, a tragédia reacende o debate sobre os desafios da aviação regional em países de dimensões continentais e clima severo, onde a dependência de aeronaves antigas ainda é uma realidade.

O céu da Rússia, vasto e imponente, amanheceu mais silencioso nesta quinta-feira. E com ele, um país inteiro se curva diante de mais uma tragédia que desafia as estatísticas e renova o apelo por segurança, modernização e respostas.