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Após ser preso: Mauro Cid abre a boca e decide falar q… Ver mais

Na manhã desta sexta-feira (13), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou uma bomba nas redes sociais. Num post direto e inflamado, ele pediu a anulação da delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid — homem de confiança durante os anos em que comandou o Palácio do Planalto. Mas o que motivou esse gesto público, aparentemente desesperado?

A resposta está nas páginas da revista Veja, que, na quinta-feira (12), trouxe à tona o que pode ser mais um capítulo de uma longa e conturbada novela envolvendo delações, supostas conspirações e reviravoltas jurídicas.

Mensagens secretas, perfil falso e uma contradição fatal

De acordo com a reportagem, Mauro Cid teria mentido ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante depoimento prestado na última segunda-feira (9). Em sua fala, Cid garantiu que não usou redes sociais nem manteve contato com ninguém durante o período em que estava sob medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Mas Veja revela outro lado da história.

A revista publicou capturas de tela que, segundo sua apuração, indicam que o militar, na verdade, manteve comunicações clandestinas sob o pseudônimo de “Gabriela R”. O mais grave: essas mensagens teriam sido trocadas com alguém do círculo íntimo de Bolsonaro. E mais — o conteúdo indicaria que Cid relatou a essa pessoa uma versão dos fatos divergente da que entregou à Justiça.

A revelação provocou um terremoto político. Se confirmado, isso comprometeria não apenas a validade da delação, mas também levantaria dúvidas sobre a própria narrativa de colaboração construída em torno do militar, peça-chave nas investigações sobre uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Bolsonaro reage: “Caça às bruxas” e trama desmontada

Sem perder tempo, Bolsonaro reagiu com dureza: “Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertos imediatamente”, escreveu ele em sua conta na plataforma X (antigo Twitter).

Num tom de denúncia, o ex-presidente alegou que a chamada “trama golpista” seria, na verdade, uma “farsa fabricada em cima de mentiras”. Mais do que isso: classificou as investigações como uma perseguição motivada por vingança política, numa espécie de caça às bruxas institucional.

Com o país ainda em estado de alerta diante das investigações sobre os atos de 8 de janeiro, a fala de Bolsonaro reacende a tensão entre apoiadores e opositores, especialmente em meio à possibilidade de novas revelações envolvendo militares de alta patente e ex-integrantes do governo.

A defesa de Mauro Cid tenta estancar o dano

A reportagem da Veja, porém, não passou sem contestação. Em contato com a CNN Brasil, os advogados de Mauro Cid afirmaram categoricamente que as capturas de tela são falsas.

Segundo a defesa, as mensagens publicadas “não condizem com o estilo de escrita” de Cid. Além disso, as imagens não trazem informações essenciais como data, hora ou qualquer indício técnico que confirme sua veracidade. O argumento central da defesa é que as mensagens seriam parte de uma montagem, usada para descredibilizar o delator e fragilizar as provas produzidas até agora.

Apesar da contestação, os efeitos da revelação já se fazem sentir nos bastidores do Judiciário e nas articulações políticas. Com a credibilidade da delação em xeque, crescem as pressões para que o STF reavalie a validade dos depoimentos de Cid — algo que poderia virar do avesso a linha de investigação atual.

Mais dúvidas do que respostas

Quem é “Gabriela R”? As mensagens foram realmente trocadas por Mauro Cid? Se sim, por que ele violaria as ordens judiciais arriscando toda a sua delação? Estaria tentando jogar dos dois lados?

As perguntas se acumulam. E com elas, um clima de incerteza volta a rondar os corredores de Brasília.

Num jogo de versões, vazamentos e denúncias, a verdade ainda parece encoberta por camadas de silêncio e estratégias. E, como sempre, o desfecho promete ser tão imprevisível quanto explosivo.

Enquanto isso, o país observa — à espera do próximo movimento nesse tabuleiro de poder, lealdade e traição.