Após pedido de Impeachment: Moraes pergunta a Bolsonaro se ele que ficar livre para… Ver mais

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu colocar nas mãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a escolha sobre receber ou não visitas de aliados políticos durante o período de prisão domiciliar. A medida foi adotada após uma série de solicitações encaminhadas à Corte desde que a ordem de recolhimento foi decretada, na noite da última segunda-feira (4). Entre os nomes mais proeminentes na lista está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e considerado um dos principais herdeiros políticos de Bolsonaro.
De acordo com informações oficiais, Moraes determinou que os advogados do ex-presidente sejam intimados para responder se Bolsonaro “tem interesse em receber as visitas requeridas”. A decisão busca evitar movimentações desnecessárias e discussões jurídicas sobre acesso à residência do ex-chefe do Executivo, localizada em um condomínio de alto padrão no Jardim Botânico, em Brasília. Até o momento, o contato com aliados está restrito, e qualquer encontro precisa ser previamente autorizado pelo STF.
O caso ganhou repercussão imediata não apenas pelo teor político das visitas, mas também pelo contexto em que elas se inserem. Desde que a prisão domiciliar foi determinada, apoiadores de Bolsonaro têm se mobilizado para demonstrar solidariedade, enquanto opositores apontam a movimentação como tentativa de manter ativa uma rede de influência política. O gesto de Moraes, ao consultar diretamente o ex-presidente, é interpretado por especialistas como uma forma de preservar a autonomia individual do investigado, ao mesmo tempo em que mantém o controle sobre eventuais articulações.
Além de Tarcísio, a lista de solicitantes inclui os deputados federais Sanderson Zucco (PL-RS), Junio Amaral (PL-MG) e Marcelo Moraes (PL-RS), todos integrantes da base bolsonarista na Câmara dos Deputados; a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão; e o empresário Renato Araújo Corrêa, de Angra dos Reis (RJ), conhecido por sua proximidade com o núcleo político do ex-presidente. Cada pedido precisa ser avaliado individualmente, levando em conta critérios de segurança e as restrições impostas pela decisão judicial.
Moraes já havia autorizado, de forma permanente, que Bolsonaro receba familiares próximos, como filhos, netos e cunhadas, sem a necessidade de novas solicitações ao STF. Essa permissão “vitalícia” visa evitar burocracias excessivas em encontros de cunho estritamente pessoal e familiar. No entanto, no caso de figuras políticas e aliados, o entendimento do Supremo é que a liberação deve ser criteriosa, uma vez que visitas podem, em tese, influenciar o andamento das investigações ou servir de palco para manifestações políticas.
A presença de Tarcísio de Freitas na lista desperta especial atenção, tanto pelo peso de seu cargo quanto pela simbologia da aproximação em um momento de fragilidade política de Bolsonaro. Governador do estado mais populoso e economicamente relevante do país, Tarcísio é frequentemente citado como possível candidato à Presidência em 2026, com apoio da base bolsonarista. A eventual visita poderia ser interpretada como um gesto de lealdade, mas também como uma estratégia para manter o alinhamento político diante de um cenário eleitoral em construção.
A decisão de Bolsonaro sobre receber ou não essas visitas poderá ter impacto político imediato. Caso aceite, reforçará laços com sua base e manterá viva a imagem de liderança mesmo sob restrição judicial. Caso recuse, poderá sinalizar uma tentativa de se resguardar e reduzir pressões em meio a processos que ainda estão em andamento no STF. O fato é que, enquanto aliados aguardam uma resposta, a prisão domiciliar do ex-presidente se transforma não apenas em um episódio jurídico, mas em um campo de disputa simbólica e estratégica para o futuro da direita no Brasil.
