Política

Lula surpreende a todos e pede que Flávio Bolsonaro s…Ver mais

A cena política brasileira começou a semana com um movimento que chamou a atenção de analistas e estrategistas eleitorais em Brasília. Nos bastidores do Palácio do Planalto, ganhou força a informação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria orientado o PT e partidos aliados a adotarem uma postura cautelosa em relação à possível candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República em 2026. A recomendação, longe de ser um gesto de cordialidade, revela um cálculo político minucioso e uma leitura pragmática do cenário eleitoral que começa a se desenhar muito antes do início oficial da campanha.

Segundo integrantes do núcleo político do governo, a avaliação interna é de que enfrentar um candidato com o sobrenome Bolsonaro pode ser, paradoxalmente, uma vantagem para o campo progressista. Pesquisas qualitativas e levantamentos internos indicariam que a rejeição associada ao nome da família segue elevada em diversos segmentos do eleitorado. Nesse contexto, Flávio Bolsonaro surgiria como um adversário previsível, com discurso conhecido e dificuldades para ampliar alianças além da base já consolidada. Para o petismo, o histórico recente ainda pesa mais do que eventuais tentativas de reposicionamento.

A estratégia sugerida por Lula seria clara: evitar ataques diretos agora para não transformar Flávio em vítima política nem antecipar um embate que só interessa ao adversário. No entendimento de aliados do presidente, confrontos precoces tendem a fortalecer narrativas de perseguição e mobilizar apoiadores mais fiéis. Ao manter distância e concentrar o discurso em realizações de governo, o Planalto aposta em deixar que o próprio cenário eleitoral evidencie as fragilidades da candidatura bolsonarista, sem a necessidade de embates públicos intensos neste momento.

Outro ponto que pesa nessa equação é a leitura sobre o comportamento do grupo liderado por Jair Bolsonaro e pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Para políticos experientes, lançar um nome mesmo diante de índices elevados de rejeição pode fazer parte de uma estratégia maior, que vai além da vitória eleitoral. Manter visibilidade, preservar espaço partidário, fortalecer bancadas no Congresso e negociar posições futuras são objetivos que frequentemente caminham junto com uma candidatura presidencial, ainda que o resultado final seja desfavorável.

Flávio Bolsonaro, nesse contexto, é visto como um nome que carrega tanto o capital simbólico do bolsonarismo quanto seus limites. Senador pelo Rio de Janeiro, ele tem experiência institucional, mas enfrenta dificuldades para dialogar com eleitores fora do núcleo ideológico mais fiel. Analistas apontam que ampliar esse alcance exigiria mudanças significativas de discurso e alianças, algo que até agora não se mostrou simples dentro da dinâmica do próprio campo conservador.

Para o PT, a orientação de não atacar também serve para manter a base focada em pautas consideradas prioritárias pelo governo, como economia, programas sociais e estabilidade institucional. A avaliação é de que o eleitor tende a valorizar resultados concretos e propostas claras, sobretudo em um cenário de fadiga com disputas personalistas. Ao evitar o confronto direto, o partido busca ocupar o centro do debate com temas que dialoguem com o cotidiano da população.

À medida que 2026 se aproxima, a movimentação nos bastidores deve se intensificar, mas a sinalização atual do Planalto indica uma aposta na paciência estratégica. Em política, nem sempre o ataque é a melhor defesa, e escolher o momento certo para agir pode definir o rumo de uma eleição. Para Lula e seus aliados, deixar que o jogo avance naturalmente pode ser a forma mais eficaz de chegar ao próximo pleito com vantagem, mantendo o foco no governo e observando atentamente os passos do adversário.