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Voltou atrás? Trump toma difícil decisão e afirma que vai apoiar a… Ler mais

O mercado global do café voltou a registrar turbulência nesta quarta-feira (12/11), após uma reviravolta política influenciar diretamente as negociações da commodity. O preço do café arábica, o mais consumido no Brasil e um dos mais valorizados no mundo, abriu o dia em queda na Bolsa de Nova York. Os contratos com vencimento em dezembro apresentaram recuo de 1,36%, sendo negociados a US$ 4,169 por libra-peso logo nas primeiras horas do pregão. A oscilação repentina acendeu o alerta entre investidores e produtores, especialmente porque ocorreu após um anúncio inesperado do governo norte-americano.

A responsável pela movimentação do mercado foi uma nova declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News. Trump afirmou que pretende reduzir tarifas aplicadas sobre a importação de café, medida que vai na contramão das decisões recentes adotadas por seu próprio governo. A fala, ainda que sem muitos detalhes, foi suficiente para gerar instabilidade e puxar os preços para baixo. Nos bastidores, analistas destacam que qualquer menção do presidente ao comércio exterior costuma provocar impactos imediatos, especialmente em setores estratégicos como o agronegócio.

Trump afirmou que pretende liberar a entrada de mais café no mercado norte-americano e disse que a decisão faz parte de um esforço para aliviar o custo de vida dos consumidores. O presidente descreveu a mudança como “cirúrgica”, garantindo que o governo está trabalhando de forma rápida para reavaliar taxas e facilitar o acesso a produtos importados. No entanto, apesar do discurso confiante, ele não esclareceu quais tarifas seriam reduzidas nem quais países seriam diretamente beneficiados. A ausência de informações concretas gerou incerteza e levou o mercado a reagir com cautela.

Essa movimentação ocorre apenas alguns meses após os Estados Unidos elevarem as tarifas de importação sobre diversos produtos brasileiros, incluindo o café. Em algumas categorias, o aumento chegou a 50%, pressionando o setor e dificultando o acesso ao mercado americano. A mudança repentina de postura do governo Trump levantou dúvidas sobre possíveis estratégias políticas, já que o presidente costuma utilizar anúncios públicos para medir a reação do mercado antes de adotar ações oficiais. Especialistas apontam que o anúncio pode ser um teste ou até mesmo parte de uma reaproximação comercial com parceiros estratégicos.

O Brasil, maior exportador mundial de café, tem nos Estados Unidos um de seus principais mercados consumidores. De acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC), cerca de 20% das exportações brasileiras são destinadas ao território americano. A dependência desse fluxo comercial faz com que qualquer alteração nas regras impostas por Washington tenha efeitos imediatos na cadeia produtiva do café brasileiro. Produtores, cooperativas e exportadores tentam interpretar se a fala de Trump representa uma mudança real ou apenas mais um capítulo da volatilidade política que marcou sua administração.

Analistas do setor alertam que, apesar da queda nas cotações, o cenário ainda é incerto. A volatilidade observada nas últimas horas pode ser apenas o prelúdio de um período ainda mais instável, já que a ausência de medidas oficiais abre espaço para especulação. Traders avaliam que qualquer nova declaração proveniente da Casa Branca pode influenciar diretamente as negociações nos próximos dias. Sem documentos formais confirmando a alteração tarifária, o mercado deve continuar oscilando e reagindo de forma sensível a qualquer sinal do governo americano.

Enquanto isso, o setor cafeeiro brasileiro segue atento às movimentações. Uma eventual redução tarifária poderia representar alívio para os exportadores e ampliar a competitividade do café brasileiro no mercado internacional. No entanto, especialistas apontam que é preciso aguardar definições claras antes de reestruturar estratégias de venda. Até lá, produtores e investidores lidam com a instabilidade típica de um mercado fortemente influenciado por decisões políticas. O cenário continua aberto e sujeito a novas reviravoltas, reforçando o quanto o café — uma das commodities mais consumidas do mundo — segue diretamente conectado às disputas comerciais globais.