Após operação que deixou 121 m0rt0s, governado do RJ, Cláudio Castro acaba de… Ler mais

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inicia nesta terça-feira (4) um julgamento que pode definir o futuro político do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). O processo, que tramita desde as eleições de 2022, analisa uma série de acusações graves que, se confirmadas, podem levar à cassação do mandato do governador e abrir uma nova crise política no estado. O caso atrai a atenção de Brasília e do Palácio Guanabara, já que envolve não apenas o destino de um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas também a estabilidade de uma das unidades federativas mais estratégicas do país.
Os ministros do TSE irão julgar recursos que tratam de suposto abuso de poder político e econômico, além de possíveis irregularidades nos gastos de campanha e condutas vedadas a agentes públicos durante o período eleitoral. As ações foram movidas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e pela coligação que apoiou o então candidato Marcelo Freixo (PSB), principal adversário de Castro na disputa. Segundo as acusações, o atual governador teria utilizado a máquina pública estadual para beneficiar sua campanha à reeleição, manipulando recursos e estruturas de governo em favor de sua vitória.
De acordo com o MPE, há indícios de que servidores e órgãos públicos tenham sido usados para reforçar a imagem de Cláudio Castro durante o pleito, o que caracterizaria abuso de poder político. Além disso, as ações apontam para supostas irregularidades na prestação de contas e no uso de verbas destinadas à publicidade institucional do governo em período proibido por lei. Em um dos trechos da denúncia, promotores destacam que “houve confusão deliberada entre atos de gestão e atos de campanha”, o que teria criado uma vantagem indevida em relação aos demais concorrentes.
Cláudio Castro, por sua vez, nega todas as acusações e afirma ser vítima de uma perseguição política. Em nota, a defesa do governador argumenta que “todas as ações do governo seguiram rigorosamente os princípios legais e não houve qualquer interferência do poder público nas eleições”. Os advogados ainda destacam que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) já havia julgado improcedentes as denúncias em primeira instância, e que não há provas suficientes para reverter esse entendimento no TSE. A estratégia de defesa aposta no histórico conservador do tribunal em anular mandatos já confirmados nas urnas, o que poderia favorecer Castro.
Nos bastidores, entretanto, o clima é de apreensão. Uma eventual cassação teria consequências imediatas: o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) também é alvo das mesmas ações e, portanto, poderia ser afastado junto com o titular. Nesse caso, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, assumiria o governo interinamente até que novas eleições fossem convocadas. O cenário abriria uma disputa intensa entre grupos políticos locais, partidos aliados ao bolsonarismo e legendas de centro e esquerda, redesenhando completamente o tabuleiro político fluminense.
Analistas políticos afirmam que o julgamento no TSE vai muito além das fronteiras do Rio de Janeiro. O resultado poderá servir como termômetro para o comportamento da Justiça Eleitoral em casos de abuso de poder nas próximas eleições municipais e até mesmo nas presidenciais de 2026. “O que está em jogo é a mensagem que o TSE vai transmitir sobre os limites do uso da máquina pública. Se a Corte endurecer o tom, teremos um novo padrão de rigor para todo o país”, explica o cientista político Paulo Rocha, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Enquanto o julgamento avança, a população fluminense acompanha com atenção. De um lado, eleitores que apoiam Cláudio Castro afirmam que o governador vem conduzindo uma gestão eficiente, marcada por obras e programas sociais. Do outro, opositores veem no processo uma oportunidade de “restaurar a lisura do processo eleitoral” e corrigir distorções que teriam beneficiado o atual governo. Independentemente do desfecho, o julgamento promete mexer com os alicerces da política no Rio e reacender o debate sobre ética, poder e responsabilidade no uso da máquina pública. O veredito, esperado ainda nesta semana, pode definir não apenas o destino de um governador, mas o rumo de todo um estado.





