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Menino de 14 anos que mat0u 0s pais e o irmão diz a polícia que ia dar os porcos s… Ver mais

A pequena cidade de Água Boa, a 630 quilômetros de Cuiabá, tornou-se cenário do desfecho de uma investigação que mobilizou policiais de dois estados e abalou a opinião pública em todo o país. Foi lá que, nesta semana, a Polícia Civil do Mato Grosso apreendeu a adolescente de 15 anos apontada como cúmplice do assassinato dos pais e do irmão de apenas 3 anos, ocorrido no interior do Rio de Janeiro.

O autor confesso do crime é o namorado da jovem, também menor de idade. Mas o que parecia inicialmente ser um ato isolado, cometido por impulso ou desequilíbrio, revelou-se parte de um enredo cuidadosamente arquitetado — e a peça central dessa conspiração, segundo a polícia, era ela.

Mensagens, desafios e perversidade

A investigação da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna trouxe à tona detalhes perturbadores. Conversas obtidas através do Instagram revelam que o casal trocava mensagens frias, quase clínicas, discutindo formas de executar o plano e esconder os corpos. Uma das ideias levantadas, segundo o delegado Carlos Guimarães, envolvia alimentar os restos mortais aos porcos — uma sugestão digna de filmes de terror, mas expressa ali com uma naturalidade assustadora.

Não foi uma influência passiva. Para os investigadores, a adolescente atuou como mentora emocional do crime. Em diversas mensagens, ela pressionava o namorado, usava chantagens psicológicas e colocava em dúvida sua coragem e masculinidade. A motivação? A resistência dos pais do garoto em permitir que os dois se encontrassem pessoalmente.

Em um dos trechos analisados, ela o desafia: “Se você me ama, prove.” As conversas indicam que o jovem, em busca de aprovação e temendo perdê-la, cedeu à pressão. Após cometer o triplo homicídio, ele teria enviado imagens dos corpos à garota. A resposta dela? Nojo aparente, seguido de uma sugestão prática: “Use luvas para se livrar deles.”

“Só falta a sua mãe”

As mensagens não cessaram após os assassinatos. A adolescente, de acordo com o inquérito, chegou a comemorar o ato, classificando-o como uma vitória. Em tom quase de celebração, afirmou que “agora só faltava ele eliminar a própria mãe”, referência à avó do garoto, única sobrevivente imediata da família.

Enquanto isso, ela permanecia distante fisicamente, mas cada vez mais próxima emocionalmente do epicentro da tragédia. Sua apreensão só foi possível graças a um pedido formal das autoridades fluminenses, atendido pela polícia mato-grossense após dias de rastreamento.

Negação e contradições

Durante o interrogatório, a adolescente negou envolvimento direto no crime. Afirmou que jamais acreditou que o namorado fosse, de fato, cumprir o que dizia. No entanto, os registros digitais dizem o contrário: ela trocou mensagens com ele durante o momento do crime, reagiu ao envio das imagens e, segundo os investigadores, demonstrou frieza e ausência de empatia.

O delegado Carlos Guimarães foi categórico: “Trata-se de uma mente manipuladora. Mesmo sendo menor de idade, demonstrou comportamento sádico, com total consciência do que estava provocando.”

As mensagens, segundo os investigadores, serão cruciais para comprovar a coautoria e a premeditação. Especialistas da área criminal apontam que esse caso poderá redefinir a forma como o sistema judiciário lida com adolescentes envolvidos em crimes de alta complexidade emocional.

Impacto e reflexão

O caso causou comoção nacional não apenas pela brutalidade, mas pela dinâmica de envolvimento entre os dois adolescentes. O que começou como um romance virtual, proibido e alimentado pelo distanciamento geográfico, acabou se tornando um catalisador para um dos crimes mais chocantes do ano.

Especialistas alertam para os riscos da idealização afetiva nas redes sociais, principalmente entre jovens em formação emocional. “Quando sentimentos como rejeição e desejo de aceitação se combinam com isolamento e influência negativa, o resultado pode ser trágico”, analisa a psicóloga criminal Cristiane Marques.

O Brasil ainda tenta compreender como dois adolescentes, sem histórico anterior de violência, puderam mergulhar tão fundo em um pacto de sangue. A investigação continua, e novos desdobramentos devem surgir nas próximas semanas. Por enquanto, resta a perplexidade — e uma pergunta perturbadora: o que mais ainda não foi revelado?