TRISTE E ABATIDO: Em pleno dias das mães, Bolsonaro choca a todos ao dizer q… Ver mais

Em uma declaração que reacendeu paixões políticas e dividiu opiniões nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o Dia das Mães, neste domingo (11), para prestar solidariedade às mulheres detidas por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A publicação, feita em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), afirmou:
“No Dia das Mães não podemos nos esquecer das mães presas injustamente pelo 08 de Janeiro.”
A fala, carregada de emoção e estratégia política, volta a colocar no centro do debate nacional o tema da anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos. O ex-presidente classificou como “muita crueldade” a pena de 17 anos de prisão imposta a algumas das envolvidas, referindo-se a elas como “donas de casa que nunca tiveram problemas com a Justiça”.
“Isso não é Justiça, é vingança”, declarou Bolsonaro, inflamando apoiadores e reacendendo o movimento pela libertação dos presos.
O 8 de Janeiro ainda ecoa no presente
Os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, ocorridos em 2023, marcaram um dos momentos mais críticos da história recente da democracia brasileira. Centenas de manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, pedindo uma intervenção militar.
Desde então, dezenas de participantes foram condenados por crimes como:
- Associação criminosa armada
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Tentativa de golpe de Estado
- Dano qualificado
- Deterioração de patrimônio tombado
As sentenças severas têm dividido a opinião pública. Enquanto setores da sociedade defendem o rigor como necessário para a preservação da ordem constitucional, apoiadores do ex-presidente acusam o Judiciário de agir com parcialidade e usar os réus como “exemplos políticos”.
Anistia: pauta política ou justiça social?
O tema da anistia tem sido recorrente nas falas de Bolsonaro e em atos promovidos por seus aliados. Na última quarta-feira (7), o ex-presidente participou de um evento em Brasília que clamava pela liberdade dos detidos do 8 de Janeiro. No mesmo dia, parlamentares aliados aprovaram na Câmara dos Deputados uma medida que poderia beneficiar o próprio Bolsonaro no processo criminal que enfrenta por tentativa de golpe de Estado.
A resposta do Supremo Tribunal Federal foi imediata: a Corte barrou a iniciativa, alegando inconstitucionalidade e risco de impunidade.
Apesar do revés jurídico, a mobilização em torno da anistia ganhou fôlego nas redes sociais e nas ruas. Líderes conservadores tentam emplacar a narrativa de que muitos dos condenados foram “manipulados” ou “simples patriotas” e não representam uma ameaça real à democracia.
A estratégia emocional de Bolsonaro
Usar datas simbólicas para lançar mensagens políticas não é novidade na trajetória de Jair Bolsonaro. Ao associar o Dia das Mães a uma crítica ao Judiciário, o ex-presidente reforça sua base emocional de apoio, especialmente entre as famílias dos presos e simpatizantes que veem as condenações como injustas.
Essa tática serve a dois propósitos:
- Humanizar os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, transformando-os de criminosos em figuras familiares e sofridas;
- Reforçar a narrativa de perseguição política, onde o sistema estaria punindo vozes conservadoras de forma desproporcional.
Oposição reage: “Graves crimes não devem ser romantizados”
Parlamentares e juristas críticos a Bolsonaro reagiram com indignação à fala. “Não se pode romantizar crimes contra a democracia, mesmo que os autores sejam mães ou avós. O que está em jogo é o Estado de Direito”, afirmou uma deputada federal da base governista, sob condição de anonimato.
Analistas também destacam que a tentativa de reverter condenações pode representar um risco à estabilidade institucional, pois enfraquece decisões do Supremo Tribunal Federal e sinaliza indulgência frente a crimes políticos.
Próximos capítulos: julgamento, eleições e a memória nacional
Com eleições municipais se aproximando e as articulações para 2026 já em curso, o discurso de anistia pode se tornar um dos principais pilares da campanha bolsonarista. A figura da “mãe injustiçada” pode ser usada como símbolo emocional para fortalecer uma narrativa de exclusão e sofrimento, buscando ampliar o alcance do ex-presidente além de sua base fiel.
Mas a pergunta que permanece no ar é: o Brasil está disposto a reabrir feridas tão recentes? Ou será que o clamor por justiça — ainda que severa — vai prevalecer?
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